Desde que foi anunciada no final do ano passado, após o crossover Elseworlds, a Crise nas Infinitas Terras televisiva tornou-se o assunto da vez entre os fãs do Arrowverse e da DC. Não importa se estas pessoas estavam otimistas, pessimistas ou até com um certo grau de indiferença; adaptar o principal crossover de quadrinhos que a DC já publicou em outra mídia, com atores de carne e ossos, é colossal por si só.
Nos anos 1980, Crise nas Infinitas Terras foi um quadrinho sem precedentes, que quebrou tabus e mostrou novas formas de lidar com os super-heróis e sua complexa teia de universos. Marv Wolfman (roteiro) e George Pérez (arte), autores da obra, estavam no auge de suas carreiras, provando por “a+b” que ainda tinham muitas cartas na manga. O que passamos a chamar de multiverso da DC era, editorialmente, um elefante branco naquela época. De 1938, quando o Superman surgiu, até aquele ponto, a DC instituiu e expandiu o conceito de Terras paralelas, tanto com seus próprios personagens como com outros, adquiridos de editoras que encerraram suas atividades, como a Charlton, de onde vieram Questão, Besouro Azul etc.

A Crise nas Infinitas Terras unificou a DC em um único universo, o que durou pelos próximos 20 anos. Em seguida, o multiverso foi reinstituído, o que dura até hoje.
Felizmente, as pessoas que não acompanham quadrinhos se habituaram ao conceito com facilidade. O multiverso apareceu nas séries de TV da DC e, mais recentemente, nos filmes do Marvel Cinematic Universe. Com isso em mãos – e também com uma necessidade, dadas as devidas proporções, de pôr ordem em seu multiverso televisivo – o canal CW começou a traçar planos para sua própria Crise. O primeiro episódio foi exibido na noite de ontem, foi o nono da quinta temporada de Supergirl. E dá pra dizer já de cara: este início foi muito empolgante!
Ao assistir ao episódio, deve-se ter em mente que as séries, reunidas, não estão adaptando a Crise como um todo; seria impossível lidar com aquela quantidade de personagens, Terra e conceitos. No entanto, neste primeiro episódio tivemos as presenças de Monitor, Precursora, Pária, céus vermelhos, Anti-Monitor, a torre cósmica e muitas outras coisas que jamais imaginamos ver na TV.

Os episódios mais recentes de cada série (Supergirl, Batwoman, Arrow, The Flash e DC’s Legends of Tomorrow) foram mostrando a chegada da Crise. Cada um à sua forma. Mas mesmo assim, este início de saga é acessível a fãs de primeira viagem. O objetivo dela fica claro logo nos primeiros minutos, e o que vem a seguir é típica fórmula de ação, drama e mensagem que compõe todas essas séries.
Falando em trama, outra coisa que funciona no episódio é a posição de cada uma das peças que compõem o tabuleiro desta adaptação. Se havia dúvidas sobre o destino de alguns heróis e vilões nestas últimas semanas, personagens-chave do Arrowverse estão com suas jornadas seladas – mas não é porque sabemos onde cada um vai chegar que se perde a graça de acompanhar cada trajetória. Nossos queridos Oliver Queen, Barry Allen e Kara Danvers estão passando pelas maiores mudanças de suas vidas, e foi bem bacana ver tudo sendo colocado em movimento logo no primeiro episódio sem que o telespectador fique confuso.
Além disso, o episódio está repleto de easter eggs. Tirando os óbvios, que remetem à própria Crise dos quadrinhos, temos uma cena inicial arrebatadora, com as presenças ilustres de Robert Wuhl (repetindo seu papel de Alexander Knox, feito em Batman – O Filme, de 1989), Curran Walters (o Jason Todd / Robin da série Titans, trajado), Alan Ritchson (o Hank Hall / Rapina de Titans, também trajado) e o queridíssimo Burt Ward, o eterno Robin do clássico seriado Batman ’66. A cena foi liberada pela CW e pode ser vista logo abaixo:
Com um início como este, a expectativa para os próximos episódios fica alta. Amanha e quarta-feira falaremos sobre as próximas duas partes, que ainda serão exibidas nesta semana. Os próximos só passaram em janeiro do ano que vem.
Até amanhã!